domingo, maio 16, 2010

“A saudade bate à sua porta”

Por mais contrários que sejam os que me conhecem bem eu digo: eu sou uma pessoa envergonhada.


E não é vergonha de falar em público nem de ter um blog, por exemplo. Minha vergonha é da pior espécie e eu me envergonho dela.

Enfim, né?! Tenho vergonha de dizer o quanto gosto das pessoas ao meu redor. O mais engraçado dessa história é o paradoxo. Sinto a extrema necessidade de expressar todos os tipos de sentimentos, mas quem disse que eu consigo?

De uns tempos pra cá esse quadro se reverteu um pouco. Obrigatoriamente.

Vi pessoas indo embora, pessoas mudando. E delas só me resta a saudade.

Acho que por trauma (por rebeldia e falta de idade) resolvi “não me importar” com nada dessas coisas. Mas foi mais forte que eu.

A vergonha cresceu um pouco nesse meio tempo de ausência dos sentimentos. Porém, decidi-me por não mais deixar ela me dominar.

Fazer o que? Gosto e fim de papo. Digo do meu jeito (a parte sem vergonha, no mau sentido da expressão), digo porque preciso.

Eu me consolo tentando pensar que aquelas pessoas que foram tinham idéia do que eu sentia. Mas não me conformo em de fato não ter dito isso.

Hoje eu tento relatar minhas emoções, por palavras, gestos ou até mesmo textos. Dizer pras pessoas que quanto mais eu as conheço, mais eu gosto delas. Expor toda a minha angústia por pensar em não tê-las junto a mim. Demonstrar toda a minha preocupação em que elas sejam felizes.

Porém...

“Escrever é muito fácil” já dizia o outro post.

domingo, maio 02, 2010

Por que escrever é tão fácil?

Tem gente que acha que escrever é difícil. Acho que escrever corretamente é difícil realmente. Mas não é nesses termos que pretendo colocar.

Todo mundo escreve bem pra alguém que goste de ler o que essa pessoa tem a dizer. E escrever é muito fácil na realidade.

Escrita sincera. Quais são os teus maiores sentimentos, tuas súplicas a Deus, tuas críticas ao governo, a receita de bolo que tua mãe fez semana passada?

Por menos criativa que uma pessoa seja, há sempre alguma divagação a se fazer sobre o amor, sobre a vida.

Por mais chata que uma pessoa seja há algo no mundo que ela gostaria de poder comentar.

E por mais “mais ou menos” que seja um texto, pra passar o tempo um bom assunto sempre convém.

De fato, uma pessoa pode se revirar do avesso, se expor despudoradamente em letras, sílabas, frases, textos. E mesmo assim. Não estará completamente desnuda aos seus leitores.

Talvez seja por isso que escrever seja tão fácil. Servimos-nos de bandeja pra quem interessar saber. E o fazemos muitas vezes com o intuito de nos esconder. Ou de expressar num formato sutil o que não poderia ser dito.

Então! Eis aí onde queria chegar! Se tivéssemos que falar um “azinho” que fosse, não sairia nada, nem espremendo bem.

Assinamos e enviamos e o máximo que dá é apagar. Mas não queremos. Porque temos a necessidade de nos trocar em miúdos por meio de frases, muitas vezes sem sentido, mas com vital importância à nossa necessidade de comunicação.

Mas na hora “H”, na hora em que nenhum papel poderá nos salvar o que faremos nós!?

Somos enfim pegos desprevenidos, sem palavras, com a coragem tirando folga e a criatividade falha.

A boca aberta, já cheia de mosquitos, e nem um “ai”, nem um só som.


Eu, então, só olho. Fico parada que nem besta admirando, contemplando e por muitas vezes delirando.

Acho que já disse muita coisa. O pensamento está lá: ativo! As palavras se formando. Lindas frases, brilhantes pensamentos e úteis conselhos. Meu interlocutor impaciente me encara sem entender o meu silêncio.

Um dia crio coragem e pergunto: acaso tens aí um pedaço de papel e uma caneta? Porque escrever seria muito mais fácil....